sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Obrigado Camaradas! (carta aberta)


Camaradas,

Escrevo-vos esta carta aberta, para vos transmitir uma série de sentimentos e pensamentos que não tenho a possibilidade de o fazer pessoalmente. Faço-o aqui neste espaço que é, para todos os efeitos, um local de encontro – aberto e livre - de Nacionalistas das mais diversas tendências.
Não haverá nela nada de novo nem de especial, mas senti a necessidade de a escrever depois de tantas vivências e experiências comuns nesta aventura colectiva e, também agora que nos encontramos a poucos meses da 3ª Convenção Nacional do Partido, na qual se encerra este mandato que tive a imensa honra e privilégio de presidir. Convenção esta, da qual sairão nova direcção política e novos órgãos, mandatados para dirigir os próximos três anos de actividade do PNR, em defesa da causa Nacionalista que é alternativa e o caminho de resgate da nossa Pátria tão agredida e ameaçada.

Sei que os nossos militantes e apoiantes são os melhores entre os melhores. São uma elite! São um punhado de pessoas convictas, determinadas e inquebrantáveis. E sei também que a História é escrita por gente que, como nós - muitos ou poucos – esclarecidos e decididos, iremos até ao fim das nossas forças e das nossas vidas.
Se outras facções políticas sofressem da mesma falta de meios e das mesmas agressões de um clima de hostilidade, discriminação e alarme social, acreditem, a maioria delas não aguentava dois dias…
Se, pelo contrário, tivéssemos facilidades e meios semelhantes a essas forças políticas, mudaríamos a face da nossa pátria, devolvendo-lhe a sua Identidade, a sua Soberania, a sua Honra e sua Glória.

Porque sei que todos vós, Camaradas, sois uma espécie de milagre, de sonho, de esperança e crença, dedico-vos estas linhas de profundo e sentido agradecimento, mas também de alento.
É convosco e por vós que luto!

OBRIGADO CAMARADAS, pela vossa coragem, pela vossa coerência, pela vossa entrega, pela vossa perseverança!

Obrigado!...
… por serem corajosos, pois que testados em riscos e sacrifícios, não abandonam a luta, em nome de um ideal no qual acreditamos!
Muitos há que, com sinceridade íntima, acreditam que são muito corajosos e que estão preparados para tudo, mas que na hora da provação constatam que afinal não conseguem aguentar a pressão e afastam-se.
Nem todos podem ser iguais. Não podemos condenar ninguém por não ser forte. Apenas podemos constatar que situações de perseguição mais acesa e evidente aos Nacionalistas, acaba por ser, por um lado, um “favor” do sistema, proporcionando e permitindo que cada um de nós se conheça melhor a si mesmo e que todos saibamos com quem se pode contar em todas as circunstâncias.
Se alguns se afastaram por fraqueza, muitos outros (muitos mais!) se aproximaram, ou saíram da passividade e se chegaram à primeira linha, dando o corpo ao manifesto, não hesitando em se mostrarem, justamente nas horas difíceis! Obrigado pelo imenso contributo recente!
São diversas as motivações que têm levado a afastamentos ao longo dos anos de existência do partido. Quase diria que, se não é rigoroso dizer que cada caso é um caso, é-o afirmar que há muitos casos tipo de afastamento perfeitamente diagnosticados.
Cada um que se afasta representa para mim um pesar. Sobretudo, se para lá da Camaradagem que pensei existir, já existia uma sincera amizade e afeição. Não escondo que, em particular, um ou outro caso me abalou profundamente, afectando em muito o meu ânimo. Muito! Mas… a vida continua e seguimos vivos.

Obrigado!...
… por serem coerentes, pois que tentados pela pressão do ambiente hostil, não deixam de sonhar e agir, em nome de um ideal no qual acreditamos!
Se sonhamos alto, se colocamos a meta muito longe, sabemos que provavelmente apenas uma parte desse sonho será saboreada e tornada realidade. Mas sonhar é preciso! Só sonhando se realiza obra.
Quem não sonha, ou sonha de modo lunático, sem sentido da realidade, das dificuldades e sem os pés na terra, fatalmente depara-se com a frustração. Acaba sozinho, a falar com os seus botões e com a sua amargura e converte-se em treinador de bancada, escudado em mil e uma desculpas e passa culpas para justificar a sua desistência.
Outros, pelo contrário, esperam pacientemente pelos resultados. Semeiam sem cair na tentação do imediatismo. Seguem o seu passo firme sem se desviarem do caminho, sem perderem tempo atirando pedras aos cães que ladram enquanto a nossa caravana passa.
São estes coerentes que sabem que há um outro lado da vida para além do materialismo, das facilidades e das comodidades.
São estes que, preferem viver e lutar apaixonadamente, reconhecendo que esse lado da vida, incerto quanto ao dia de amanhã, romântico quanto ao ideal, que não trás contrapartidas sociais, materiais, profissionais, mas que trás sim, uma riqueza interior, um sentido para a vida e uma paz de consciência que só aqueles que vivem a coerência de um ideal sabem dar valor.
São estes que, sem aventuras inúteis nem actos irresponsáveis, sabem bem que o preço da coerência se compra com coragem e sacrifício. Mas esse preço vale bem a pena!
Recusamo-nos a viver como espectadores do descalabro nacional, vendidos a interesses mesquinhos, aburguesados no conforto de privilégios egoístas, reféns da mediocridade do politicamente correcto.

Obrigado!...
… por serem generosos, pois dão provas de entrega, não medindo contrapartidas nem benefícios pessoais, em nome de um ideal no qual acreditamos!
Não é exclusivo da trincheira Nacionalista o abandono ou a traição. Isso passa-se em todos os quadrantes dos ideais políticos (ou da falta deles).
Essas atitudes vêm daqueles que, não vendo os seus caprichos satisfeitos, os seus pontos de vista prevalecerem ou as suas ambições alcançadas, renegam as ideias e os camaradas, a luta e os amigos, os sonhos e a esperança.
São as saídas daqueles que não souberam ou não quiseram conhecer a verdadeira hierarquia das coisas e dos valores. Por isso amuam, têm birras, desaparecem ou desistem.
Um combate como nosso, requer que as pessoas sejam fortes e determinadas. Que confiem mais do que desconfiem, naqueles que estão do mesmo lado da trincheira. Que olhem antes para o objectivo comum do que para opiniões e sensibilidades pessoais.
A fortaleza de uma pessoa não se mede só por actos de coragem, mas também e sobretudo pela capacidade de sacrifício e de saber ceder; passa por uma capacidade de saber trabalhar em equipa, de compreender os outros e de saber que todos têm falhas e que só erra quem faz alguma coisa. A fortaleza de uma pessoa mede-se pela capacidade de saber que, não sendo dona de toda a razão, conhecimento e experiência, também tem que saber ceder, ouvir, confiar nos outros e reconhecer os seus limites e erros. Não são só os outros…
Os generosos são fortes! Estes não se queixam, como se de meninos mimados ou de porcelanas se tratassem. Estes sabem escrever com o sacrifício pessoal e entrega sem limites – de tempo, energias, cansaço, dinheiro, trabalho, militância - as páginas da nossa luta que é nobre.
Estes sabem bem que a unidade é a chave da vitória. Unidade em torno de um projecto, de uma causa, de um partido. Unidade em torno dos pontos firmes que são comuns a todos nós e nos distinguem (e de que maneira!) de todos os donos do sistema da destruição nacional.
São os generosos que estão dispostos a correr todos os sacrifícios e todos os riscos sem qualquer contrapartida. Sem qualquer certeza ou garantia. Entregam-se por missão, por dever, por serviço e por crença.
Não esperam nada da causa ou do partido e sabem, pelo contrário, que a causa e o partido é que esperam e precisam de todos nós. Portugal precisa da sua única esperança: o PNR! E o PNR precisa da entrega generosa dos nacionalistas.

Obrigado!...
… por serem perseverantes, pois mostram ao longo dos tempos a vossa fidelidade à causa, em todas as circunstâncias, em nome de um ideal no qual acreditamos!
Todos sabemos que a caminhada é longa e difícil; que as dificuldades e contrariedades espreitam em cada esquina. Todos os dias!
Ninguém é obrigado a fazer mais do que sabe ou pode. Mas todos são obrigados em consciência a darem o melhor de si. Sempre!
De novo, estes, têm o dom da fortaleza e da fidelidade. Estes, com maior ou menor visibilidade, com maior ou menor presença e constância, ainda que discretos e apagados, têm prestado ao longo destes anos um serviço ao partido que não tem preço!
São eles que garantem a estabilidade e a continuidade. São eles os que nunca se deixam influenciar por assuntos paralelos e menores, por fantasmas e calúnias, por intrigas e desentendimentos.
Os perseverantes são os que olham a luta com realismo, sabendo viver na bonança e na tempestade, sabendo encarar as vitórias sem euforia irrealista e também as derrotas sem desânimo fatal, sabendo saborear os sucessos e suportar as desilusões.
É com os perseverantes também, que por serem fiéis, podermos construir o “Objectivo 2009”, pois deles espera-se sempre a palavra e a postura “presente!” em tudo o que o partido solicitar. Muito ou pouco.
Objectivo este, que tem por timoneiro, na sua estratégia e condução, o Bruno Oliveira Santos, fundador e militante número um, a quem o adjectivo “fiel” é aplicado com toda a propriedade. Ele não virou a cara a esta tarefa difícil e muito trabalhosa que o partido lhe pediu. Ele que, tal como eu (e aqui perdoem-me a imodéstia…), sabe relacionar-se com todas as tendências nacionalistas sem excepção, não se deixando influenciar por qualquer tipo de complexo ou influência, de “conselho” de espíritos menores ou de fantasmas.
Ele, que, sem papas na língua defende a unidade, não permitindo a calúnia e a intriga pegajosa propagada insistentemente por falhados e invejosos.
Peço e espero, que todos saibamos ser exemplo de fidelidade e perseverança em nome da causa e da Pátria, tendo sempre os olhos postos no objectivo que sonhamos e que nunca nos deixemos enlear por questões menores e desentendimentos pessoais.
A tarefa que se aproxima é gigantesca e o partido precisa muito destes fiéis inabaláveis.

Obrigado!...
… ainda, aos jovens que, contra tudo e contra todos dão uma prova ímpar de personalidade, maturidade e carácter, acreditando que tudo vale a pena, em nome de um ideal no qual acreditamos!
É de louvar que no meio de tanta lama, mediocridade, moda, influências, formatação mental, “pronto-a-pensar” e mentira, um número cada vez maior de jovens, muitos dos quais sem referências nacionalistas na família (bem pelo contrário), tenham a determinação de abraçar a nossa causa com coragem.
São estes jovens promissores, que souberam libertar-se dos tentáculos da (des)informação, (des)educação e (de)formação da escola, dos meios de comunicação social e dos cânones culturais que, em estilo de colonização mental e cultural, os bombardeiam diariamente com mensagens mentirosas, pervertidas e criminosas, impostas por um sistema dominado por marxistas, maçons e capitalistas.
São eles que, pelo seu exemplo e atitude, têm plena autoridade para dizer aos outros: - faz como eu:”liberta-te!”.
São estes jovens, muitos dos quais não têm ainda idade para votar, que terão nas suas mãos a possibilidade e a responsabilidade de converter em vitória efectiva, o sonho real que hoje estamos já a semear.

Obrigado ainda (apesar de tudo e por paradoxal que pareça)…
… aos desistentes, que se afastaram por algum equívoco, ingenuidade ou fraqueza, mas que fizeram parte de algum momento da nossa luta e do nosso sonho. Apesar de tudo, deixaram algum do seu contributo e da sua vida e ajudaram a construir a realidade que hoje é o PNR. Prefiro guardar de cada um destes, os momentos de convívio e não o silêncio e abandono a que nos votaram.
Refiro-me a muitos que, desiludidos por algum motivo, afectados por algum mal-entendido, desconfiados e cépticos em relação a estratégias, incapazes de conviver com pessoas e tendências diferentes ou até por fortes motivos pessoais, nos foram deixando ao longo destes anos e, claro está, que souberam esperar e ver (ainda que de fora), mas que, por terem carácter, jamais lhes passaria pela cabeça enveredar pelo caminho do terrorismo intriguista, pelo caminho da traição aos ideais, pela sede mórbida de assistir ao nosso fracasso ou de alguma forma prejudicarem o PNR e o seu bom nome.
Não! Não me refiro, claro está, aos desqualificados que nada sabem fazer senão renegar o próprio passado e dispararem em todos os sentidos, contra tudo e contra todos, que vomitam a sua mentira corrosiva, que conspiram juntos apesar de se detestarem mutuamente e que, mesmo tendo batido a porta continuam a preencher o seu tempo centrados no PNR, alimentando o seu ego com a esperança de que falhemos tal como eles.
Como já tenho dito, nem todos somos iguais e cada um tem os seus limites. Também na entrega e perseverança. Também na fortaleza e na coragem.
Mas conheço muitos (muitos!) que ainda estão afastados e talvez por algum motivo ressentidos, mas que desejam verdadeiramente, do coração, o sucesso da nossa luta na qual já não participam activamente, mas para a qual contribuem com o seu voto e com a sua divulgação nos círculos dos seus conhecimentos. Estes, não estando connosco, também não estão contra nós: estão por nós!
Esses… têm sempre a porta aberta para regressarem. Alguns têm regressado nos últimos tempos ou dado passos e sinais nesse sentido. Muitos mais irão regressar.

Não posso nem quero concluir esta carta sem me dirigir em concreto a duas pessoas que são exemplo e referência; cada uma ao seu estilo, mas que simbolizam e personificam de algum modo um pouco do que vejo em todos e em cada dos meus Amigos e Camaradas de luta.

Obrigado!...
… Vasco Leitão!

Por tudo! Pela Amizade, pelo exemplo, pela luta, pela nobreza e pela capacidade de… perdoar.
Obrigado pela solidariedade e companhia ao longo destes anos de luta. Pelo conselho cheio de bom-senso e ponderação. Pela confiança que sempre mostraste e pelo apoio. Pelo elogio sincero e também pela crítica frontal, sempre construtiva.
Sei o quanto tens tentado e desejado estabelecer pontes entre pessoas de tendências e de gerações diferentes. Sei que és homem de peça única, com carácter e integridade.
Estás a pagar a injustiça de um sistema que não tolera opiniões verdadeiramente diferentes e alternativas, preferindo silenciá-las em vez de as enfrentar lealmente. Por isso te encarceraram em prisão domiciliária, injustamente. És preso por delito de opinião! És exemplo de coragem e coerência!
Obrigado: porque até num momento particularmente difícil da tua vida (a vários níveis) não só não desistes, como tens essa cabeça sempre a pensar e a trabalhar, com incansáveis manifestações de apoio efectivo.

Obrigado!...
… Mário Machado!

Por tudo também! Pela Amizade, pela coragem, pela fidelidade, pelo exemplo e pela confiança.
Obrigado pela coragem e pelo ânimo que me transmites. Pela força e pela dedicação à causa. Pelo apoio incansável que dás.
Estás também a pagar a injustiça de um sistema que não tolera opiniões verdadeiramente diferentes e alternativas, preferindo silenciá-las em vez de as enfrentar lealmente. Por isso te encarceraram injustamente na prisão. És preso por amar a Pátria! És exemplo de combate e de força!
Estás a pagar com meses de vida que ninguém tos vai devolver, mostrando com o exemplo aquilo que é a coerência e a coragem.
Obrigado: porque a cada visita que te faço, sinto que recebo bem mais do que dou. Transmites-me um ânimo e uma alegria verdadeiramente contagiosos! Saio renovado e fortalecido dessas visitas que jamais esquecerei.

Termino esta carta com uma mensagem de esperança para todos:
as dificuldades da luta não nos vergarão! Pelo contrário, o nosso crescimento é uma realidade e não vai parar. Demore o tempo que demorar.
A nossa coragem e a nossa determinação ficam reforçadas a cada dia que passa.
Estamos no caminho certo! As provações do combate fazem-nos mais poderosos e demonstram que o caminho é este mesmo, porque tudo o que tem valor custa muito a alcançar. E, como o disse Ezra Pound, «quando um homem não está disposto a correr riscos pelas suas ideias, é porque elas não valem nada; ou então é ele que não vale nada».
As nossas ideias valem tudo isto!
Portugal vale tudo!
E vocês… vocês têm todo o valor!

Obrigado!

José Pinto-Coelho
5.9.07